O Jogo da Amarelinha – Julio Cortázar

“O jogo da Amarelinha” ou “Rayuela” foi obra literária do escritor, tradutor e intelectual argentino Júlio Cortázar publicada em 1963, sendo um dos livros que inauguram uma literatura latina americana com narrações que escapam da linearidade temporal e onde os personagens adquirem autonomia e profundidade psicológica, então, de forma inédita. A organização da obra torna o leitor uma parte da leitura quando o autor e narrador da história de Horácio Oliveira trata da relação dele com sua companheira chamada Maga, ambos vivendo e perambulando pelas ruas de Paris. (#transcendência) Júlio Cortázar leva o leitor a lidar com paisagens desenhadas entre Paris, Montevidéu e Buenos Aires, e faz pontes desses desenhos literários aos apontamentos, no romance, sobre as obras de Morelli, escritor admirado pelos personagens, evidenciando-se uma literatura da literatura, como numa nota do texto de Morelli em que se critica  os “romances hedonistas”, “pré-mastigados”, o que exige do leitor uma certa postura ativa, cultural e subjetivamente distinta dos moldes clássicos de uma narração humana moderna:

Uma nota com lápis, quase ilegível: “Sim, sofre-se por vezes, mas é a única saída decente. Basta de romances hedonistas, pré-mastigados, com psicologias. É preciso estender-se ao máximo, ser voyant como desejava Rimbaud. O romancista hedonista não passa de um voyeur. Por outro lado, já chega de técnicas puramente descritivas, de romances de ‘comportamentos’ (1), meros roteiros de filme sem o resgate das imagens.

De Júlio Cortázar em “O Jogo da Amarelinha”, página 549 da sexta edição publicada pela Civilização Brasileira em 1999.

Algumas “pistas” que o autor nos deixa sobre sua obra:

1) sobre o tempo em que se transcorrem os eventos, “Há tempos diferentes, embora paralelos” (idem, p. 550);

2) razões de serem obras clássicas, clássicas como fontes de inspiração (idem, p 468);

3) e o debate sobre a diferença entre imagem e figuração (idem, p. 549).

Contexto do interesse

Os anos de 1960 foram fortemente impactados por transformações dos comportamentos ocidentais. Foram inúmeros os eventos históricos nesse sentido, tanto conservadores quanto revolucionários. Júlio Cortázar foi um marco como autor argentino de contos, de artigos e de romances a toda uma geração, vivendo seu exílio politico na França que, por sinal, foi berço de algumas das revoluções culturais que impactaram o mundo.

Como professor foi um profissional exímio em ensinar a escrita do conto, produzindo artigos acadêmicos de uma crítica e de um rigor considerados tão admiráveis quanto sua prosa ficcional, principalmente na forma do conto que se serve de uma tradição do Realismo Fantástico.

(1):

Com a chegada da Revolução Industrial e as grandes modificações por ela engendradas no cotidiano europeu, consolidou-se como principal gênero literário o romance de costumes, ou seja, aquele que é ambientado em uma sociedade geralmente contemporânea ao autor, em busca de retratar e por vezes analisar os valores, crenças e contradições dessa sociedade.

Ver detalhes em https://www.portugues.com.br/literatura/realismo-fantastico.html

Para saber mais:

‘O Jogo da Amarelinha’: um grito de rebeldia de Julio Cortázar

Resenha | O Jogo da Amarelinha – Julio Cortázar

https://pt.wikipedia.org/wiki/Julio_Cort%C3%A1zar

https://brasilescola.uol.com.br/literatura/realismo-magico.htm

Egídio Mariano

Sou pesquisador independente com formação bacharel em Letras, atuando como escritor, editor e produtor de conteúdos web, especializado em Planejamento e Gestão Estratégica, com Docência ao Ensino Superior e Educação à distância (EAD). Sou autor de "Estados de civilidade: uma história sobre tecnologias" (artigos); "Cartilha de Jack & Janis - Uma sátira da vida conjugal moderna" (novela) entre outras publicações.

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