Dois milhões de anos passados
No momento em que você lê essa postagem teriam sido necessários mais de dois milhões de anos de evolução humana para que você, como leitor, e eu, como escritor, pudéssemos nos entender através de elementos gráficos encadeados em sistemas de informações.
Nesse lapso temporal, viajamos enquanto consciência de um ser humano no mundo, biologicamente desenvolvido através dos séculos e pelos séculos de muitos tempos.
E revendo alguns detalhes dessa jornada, são de mais de dois milhões de anos passados quanto à origem dessa espécie sobre a Terra, enquanto a própria Terra se acha na passagem de bilhões de anos.
Somos uma fração instantânea de um evento em que sequer podemos supor nossa existência como seres humanos hoje conhecidos.
Hoje, comunicando-nos ou não, não somos os primitivos homens do período pré-histórico do Paleolítico Inferior que cerca à distância temporal de mais de dois milhões de anos atrás, até chegar mais próximo ao nosso tempo, em cerca de cem mil anos antes de Cristo.
É evidente que a comunicação na forma ordenada de uma transmissão de uma mensagem específica, seja murmurando, grunhindo ou gesticulando, sob um controle pouco consciente de sua natureza ainda a ser seletiva como consciência, não pode tratar de interpretar linguagens elaboradas, se não na forma em que é capaz de também expressar.
Enquanto visão do que interpretamos, lidamos com uma consciência extraordinária quanto ao tempo.
Por exemplo, quando remetemos a ideia de uma imagem moldada pelo artifício de instrumentos próprios, com tecnologias evoluídas em relação à pedra lascada, a que está presente no maior ícone da arte do Paleolítico Superior, de quando o ser humano está às portas da consciência de sociedades organizadas, representando um registro do que pode ter sido sinal de um fértil período de matriarcado, essa é a
Vênus de Willendorf
Esse artefato em pedra, com cerca de onze centímetros, foi encontrado em 1902 por um trabalhador da equipe do arqueólogo Josef Szombathy, na Áustria.
É datado com cerca de trinta mil anos de existência fazendo parte de um acervo subjetivo que se espalha pelo globo terrestre em diferentes pontos, mas com alguma representação de formas comuns, tais como a representação do corpo feminino em linhas exageradas, com elementos que se traduzem num peito, no ventre e nas ancas com maior volume, algo mais estilizado e simbólico que se torna figurativo para as necessidades de sociedades humanas daquele período, já que podem significar a vontade relacionada a divindades femininas, buscando-se provavelmente um instrumento de percepção de fertilidade e de abundância a quem tinha seu porte.
Nesse período de 40 a 10 mil a.C., se supõe a existência de um matriarcado pelos pesquisadores da chamada Era do Gelo, pois descobriram uma grande quantidade de estátuas femininas conhecidas como vênus, sendo a de cima apenas uma das existentes ainda hoje no mundo, identificadas muitas vezes como representações de Deusa mãe.
Estes ídolos surgem pela primeira vez durante o Paleolítico e são a origem dos ídolos da arte cicládica de 2000 a.C., embora a mais antiga estatueta conhecida é a Vénus de Tan-Tan, com cerca de 200 a 300 mil anos atrás, com 6 cm de altura.
São partes das primeiras manifestações artísticas durante o Paleolítico, por volta de 25.000 a.C., atingindo o auge na época da Cultura Magdaleniana (c. 15000-8000 a.C). E são um dos mais significativos passos na produção artística consciente, como resultado de uma necessidade espiritual, fruto de um longo processo de amadurecimento artístico e técnico, criado em épocas anteriores, ainda que não tenha restado dessas épocas artefatos até aos nossos dias. Por isso, há questões a terem repostas para a espetacular visão que transformou o ser humano em período pré-histórico, advindo posteriormente as grandes civilizações de que temos notícias.
Símbolo do planeta Vênus no zodíaco astrológico.
É na Antiguidade Clássica das Civilizações que ocorre a possibilidade de estudiosos relatarem suas observações sobre os astros no céu.
Conhecidas como “qadesh” (sagrado) na maioria das civilizações pagãs, as deusas–mães são associadas à geração da vida, ligadas à natureza, ao fluxo das águas, da fertilidade e da transição da cultura; criadoras do Universo, relacionadas à agricultura, à linguagem e à escrita que irá surgir numa complexa estrutura teológica, desde a deusa hindu Sarasvati, detentora da invenção do alfabeto, até a deusa celta da Irlanda, Brígida, deusa da linguagem; ou à deusa Nidaba da Suméria, civilização tradicionalmente definida como berço da cultura da escrita com que inventou a escrita cuneiforme e a arte da escrita (a escriba oficial da Suméria também era uma mulher: Enheduana).
A arte do Paleolítico é a mais antiga produção artística de que se tem conhecimento. A arte deste período situa-se na Pré-História, no Paleolítico (Idade da Pedra Lascada), e tem início há cerca de dois milhões de anos estendendo-se até c. 8000 a.C.
Mas são recentes os achados dessas descobertas pré-históricas, passados apenas dois mil anos para um relativo amadurecimento do entendimento da história da humanidade, considerando-se que as primeiras fábricas de artefatos de uma matéria bem melhor modelável do que pedra, são produzidos com aparentes formas artísticas a partir do período do Antigo Egito e dos Impérios da Mesopotâmia.
Porém, nas peças de arte paleolíticas já há, na verdade, uma qualidade e uma criatividade que revelam a extrema importância da compreensão da mentalidade do ser humano de então.
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