Série Intérpretes Presentes
Sociedades culturais
Em toda forma de escrita há uma prática de registro de dados como de gravar informações que servem regularmente de fonte a consultas futuras, sendo as que são chamadas “archanas”, aquelas instruções que funcionam pelas práticas de gerações ancestrais.
Uma gama de ordenações dos espaços sensíveis para o ser humano existe sob uma forma “irmanada” às formas que são, na verdade, espaços culturais dentro dos quais os conhecimentos se expressam: é como uma cultura de uma comunidade ribeirinha, por exemplo, uma cultura local que tenha, como espaço sensível à pele, uma realidade comum e, dessa maneira, uma realidade cultural relacionada à água como um elemento de onde, muitas vezes, se pode retirar o alimento à comunidade que graficamente ganha a representação de “peixe”, uma vez desenhado a simbolizar uma fonte de recurso e uma atividade específica que é a ação de pescar como um conhecimento humano particular a respeito do seu ambiente de vida, comum a vários lugares no modo de agir no transcorrer do tempo.
Assim, um registro qualquer que se faça pela escrita, mesmo pictográfica, exige, de algum modo particular e semelhante ao caso acima, a ideia de um acesso específico a alguma forma de conhecimento organizado a que tenha serventia simbólica nesse sentido de comunicar no tempo uma prática produzida pela sensibilidade humana ao seu meio ambiente a partir do que interpreta pelos seus cinco sentidos básicos e fisiológicos até poder validar uma experiência de conhecimento capaz de discernir sua própria identidade em inúmeros de espaços perceptivos, dos ambientes físicos, biológicos, psíquicos-emocionais aos sócio-ambientais.
Imagem de https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Domus_romana.png CC 3.0)
Domus Romano
E foi o discernimento humano quanto ao espaço relacionado ao seu habitat, ou aos seus hábitos, que o ser humano, possivelmente, compreendeu um sentido de um modo de vida “doméstico” [domus],, conceito dentro do que foi e é capaz de representar uma determinada forma estética que expressa “familiaridade” a fim de suprir sua sensibilidade perceptiva de estar em um ambiente que não engloba, apenas, os possíveis cinco sentidos físicos, mas inclui, também, aqueles simbólicos e interpretativos que, justamente, são os que viabilizam a ideia do que o ser humano irá interpretar como um possível sentimento, em si, de “lar”, onde questões mais sensíveis à interpretação, como as dos limites do que é público e do que é privado, por exemplo, podem variar ao passar dos tempos.
Na Antiguidade, o espaço romano separado pelo direito do patriarca sobre o solo e sangue se destacava não apenas para abrigo do corpo físico, mas, também, e principalmente, como ponto de encontro da família, como centro das cerimônias religiosas ligadas às tradições seculares de certo isolamento do espaço íntimo em relação ao meio ambiente, como se um espaço a ser protegido por um “domus”, daí a palavra da qual se deriva, possivelmente, o sentido de doméstico que se liga à concepção de “lar”, no que é familiar à estética e à sensibilidade humana pelas formas simbólicas de seus ritos, crenças e percepções, e nas expressões culturais que são ligadas e que se comunicam a uma certa cadeia de eventos familiares, como as que acompanham uma seleção mecânica dos grãos das espigas colhidas em época determinada, após a ceifa da lavoura pelos agricultores, ou ainda, pela dinâmica das necessidades atendidas na disponibilidade de água potável às vilas onde os habitantes dependessem da pesca e da irrigação para a agricultura.
As casas romanas, domus, compreensão de origem etrusca, foram um tipo de habitação comum entre a nobreza romana, construída ao se modelar ambientes a uma certa ideia de continuidade material à descendência em razão da resistência do material de construção e de acabamento frente ao desgaste do passar dos anos, sobretudo, a partir dos conhecimentos etruscos e gregos para se chegar às características funcionais aplicadas às divisões internas de suas habitações.
Torna-se, assim, um modelo, domus itálica, onde a família romana habitava sob o poder do paterfamilia, família reunida, então, no interior do “lar” que foi um espaço concebido, também, pela figura feminina da materfamilia, que, por sua vez, se tornou detentora do ambiente doméstico pelo poder de práticas específicas à manutenção do ambiente físico e à formação educacional dos filhos desta união.
O termo familia englobaria, então, um conjunto representado pelo patrimônio dos membros familiares somado ao número de escravos abrigados sobre o poder de um paterfamilias. E, no lar, estavam presentes os altares, chamados lararium, onde imagens dos deuses domésticos e dos cultos privados eram cultuados. Domus, assim, deriva de dominus, nome com o qual foram chamados os chefes do poder pátrio das famílias patrícias: os que possuíam, em outras palavras, domínios.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Domus-augustana-map.png#filelinks
Veja também:
Djed em Intérpretes Presentes
Para ir além:
Entre o público e o privado. Cenários do quotidiano na ‘domus’ das Carvalheiras https://periodicos.ufes.br/index.php/romanitas/article/view/11972
https://jus.com.br/artigos/58063/nocoes-gerais-da-familia-no-direito-romano
https://historiaartearquitetura.com/2017/01/22/domus-italica/#_ftn1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Domus
https://pt.wikipedia.org/wiki/Etruscos
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