Hábitos culturais

Hábitos culturais

É bastante complexo ter a percepção de uma linha temporal que compreenda os últimos doze mil anos de maneira a se perceber eventos inter-relacionados, quanto mais datar eventos presumíveis quando nem bem registros gráficos se constituíam hábitos culturais e só vieram a ser instituídos nos últimos três mil anos de boa parte desse tempo mencionado. E se pensarmos que, comparativamente, a capacidade cognitiva humana em todo período Paleolítico se tenha se desenvolvido no decorrer dos 47 mil anos do que se supõem ponto mais recuado no tempo à ideia de um início à "revolução cognitiva", nada, até então, teria tão sérias transformações de hábitos e de tecnologias em relativo curto transcorrer de tempo entre Neolítico e a partir da Revolução Agrícola, com práticas de cultivos e de culto que se desenvolveram com cada vez maior impacto na realidade rudimentar das tribos, ainda, nômades que percorriam vastas distâncias da Ásia ao continente Europeu e à Africa, dominando, muitas vezes, as paisagens onde os primeiros sinais de sedentarização humana começaram a ocorrer, em datações distintas e em lugares diferentes, mas que, de maneira geral, foram mostras de um processo de domesticação do espaço reconhecido como modo de vida viabilizado pela chamada "Revolução Agrícola", a se tornar predominante como meio de vida ao fim de cinco mil anos de domínio tribal nômade, e até chegarem as eras dos Metais, terceiro milênio antes de Cristo, quando as coisas começam a ficar ainda mais interessantes em toda uma vasta área no que podemos chamar de centro do mundo para a Antiguidade.

mapa criado entre: c.276 - c.195 / 194 a.C. Grécia Antiga, por Eratóstenes, matemático, geógrafo, poeta, astrônomo e teórico da música grego, em tinta e pergaminho, representando um mapa aprimorado do mundo conhecido na época para os gregos antigos

No tempo em que se vive sob estandartes

Assim, do sexto milênio ao quarto milênio antes de Cristo, ainda no Neolítico, culturas urbanas surgem na Mesopotâmia e na Anatólia, com indícios do uso da roda, do cobre, e da domesticação de animais em rebanhos como uma atividade pecuária que se espalha em toda a Eurásia, alcançando a China. Desse período os utensílios predominantes desenterrados mais antigos são feitos, geralmente, de pedra ou cerâmica, embora a agricultura e a criação de ovelhas, cabras, bovinos e suínos se encontravam já entre as atividades econômicas dos habitantes de Yumuktepe, onde, hoje, é Turquia, sendo originalmente um tumulus (monte artificial) onde se encontra os fundamentos de um povoado do 7º milênio a.C.

No mar Egeu, entre 3100-2700 a civilização minoica, em sua primeira dinastia, já possuía uma forte tradição econômica baseada no comércio externo ao arquipélago de seus domínios, moldando os aspectos que caracterizaram o modo de atender a demanda do mercado externo. Não possuindo jazidas de metais em suas ilhas, os minoicos produziram excedentes agrícolas e de produtos manufaturados para obter metais do Chipre, Egito e Cíclades, desenvolvendo um completo sistema de pesos e medidas por lingotes de cobre e por discos de ouro e prata com pesos pré-determinados, incorporando à sua cultura os elementos adquiridos nos contatos com povos estrangeiros. Múltipla, a civilização minoica especializava-se nas habilidades de navegação e de comércio marítimo. As artes reproduzidas nos afrescos valorizavam cenas de natureza (animais, plantas), de procissões e/ou rituais religiosos, seres mitológicos, onde se matinha uma forma religiosa matriarcal com santuários em locais naturais (fontes, cavernas, elevações), o que os distinguia da posterior civilização micênica com ritos dentro de palácios em espaços dedicados a práticas cultuais.

Foi na civilização minoica desenvolvido, inicialmente, um sistema de escrita hieroglífico, talvez originado dos hieróglifos egípcios, mas que evoluiu até a forma arcaica de grego.

Nesse mesmo período, os povos semitas habitaram a região da Mesopotâmia, por volta de 3000 a.C. enquanto no Egito, entre 3500 e 3000 a.C. ocorreram as Culturas Nacada II e III: Nacada II foi caracterizada pela introdução da metalurgia. Começam a surgir as cidades-estado fortificadas, com um forte comércio entre o Egito à região do Crescente Fértil até à Mesopotâmia, ampliando-se uma estrutura social com as técnicas de produção; Nacada III (3200-3000) surge, então, uma escrita propriamente dita, na forma de hieróglifos, e no Egito, pela primeira vez, os mortos são enterrados com seus bens. Narmer funda a primeira dinastia egípcia em 3200, deusa Hathor é cultuada, o Alto e o baixo Egito são unificados, ocorrendo a construção de Mênfis como primaria capital do Estado egípcio. Em 3150 a.C. termina o período pré-histórico no Egito.

No Oriente Médio, por volta de 3500 a.C. se desenvolve um processo de fundição à cera perdida no sítio de Moenjodaro, atual Paquistão, também ocorrem as fundações das primeiras cidades-estados ao sul da Mesopotâmia, com a invenção da roda e do arado, região que entra no período histórico de Uruk com uma emergente hegemonia Suméria no desenvolvimento de uma escrita proto-cuneiforme. Como no Vale do Indo, há um conhecimento matemático com um sistema de numeração sexagesimal, conhecimento de astronomia e de astrologia, de um direito civil, depois um conhecimento sobre uma hidrologia complexa, sobre o barco à vela, e sobre a roda de oleiro. Tecnicamente passam da Idade do Cobre passa para a Idade do Bronze, quando a escrita cuneiforme, propriamente dita, surge da proto-escrita pictográfica ao final deste terceiro milênio.

Enquanto na Ásia, por volta de 3300 a Idade do Bronze começa na Civilização do Vale do Indo, em Harapa. Por volta de 3100 a.C. são criados os ideogramas chineses, e há canais de irrigação e barragens sendo utilizados na Suméria, Egito e Índia. Em 3500 a.C. embarcações a vela surgem no rio Nilo. Ainda nessa região, aparecem as mastabas, precursoras das piramides egípcias.

Em sete mil anos, as transformações tecnológicas que foram possíveis com a chegada da agricultura podem ser muito bem representadas nesse período de mil anos entre o terceiro e quarto milênio antes de Cristo, mas é a partir do início do segundo milênio que parece se acentuar as necessidades militares e de defesa aos domínios dos povos civilizados, (sedentários, agrários, hierárquicos-religiosos). Suas culturas ocorrem em meio às invasões constantes dos povos nômades, a exemplo da destruição das cidades mesopotâmicas pelos Gútios, pastores nômades em 2084 a.C., enquanto no Egito, os hicsos, povo nômade, invadiam e conquistavam o Nilo como povos estrangeiros que reinaram por 19 anos. Por volta de 2000 a.C. Abraão cruzou o Eufrates a caminho de Canaã: Amoritas, Cananeus e outros povos semitas, relacionados com os Fenícios, já ocupavam o território que ficará conhecido como a "Terra Prometida". Até 1500 a.C. os Hebreus, de origem semita, deixam a Mesopotâmia e instalam-se em Canaã, e a região é colonizada posteriormente por outros povos semitas, entre os Hititas e os Filisteus, um povo indo-europeu, originário do Mar Egeu, que dará origem ao nome da Palestina. Nesse mesmo período, por fortes secas, a fome obriga aos hebreus a partida ao Egito. Em 1750 a.C. os Hicsos invadem o Egito e permanecem 170 anos na região. Na Mesopotâmia, o rei Hamurabi, sexto rei da dinastia babilônica, constitui o seu Código de Hamurabi. Por volta de 1700 a.C. deste período surge o alfabeto semítico setentrional, base dos alfabetos atuais.

Em 1600 a.C. se dá início à Grécia Micênica devido a queda das culturas minoica e aqueia. Por volta de 1500 a.C. os Hicsos foram expulsos e os Hebreus passam a ser perseguidos no Egito. Por volta de 1100 a.C. surge o alfabeto fenício, o primeiro com 22 letras. Dá-se início ao período áureo das civilizações da Grécia Antiga e Roma, período de grandes invenções que ocorrem na história cultural entre o século VIII a.C. e o século V d.C. entre outros eventos o da democracia grega, ocorrendo século VI a.C. com importantes reformas nas estruturas sociais, política e econômica da pólis de Atenas; e o da instituição da República em Roma (505 a.C.).

Dos pensadores e filósofos, no século VI a.C. nasce Pitágoras, matemático, no século seguinte, Sócrates, e no século posterior, Aristóteles, em 384 a.C, sendo esse último, o fundador do Liceu de Atenas com obras sobre lógica, física, metafísica, política, retórica, poética, ética, biologia e zoologia. É o período chamado de Antiguidade Clássica, o da Grécia Antiga (em grego: Ἑλλάς; Hellás) do Período Homérico dos séculos XII a IX a.C. até o fim da antiguidade, século VI d.C. após o que se inicia a Idade Média e a era bizantina.

E é realmente admirável que do ano 10000 antes de Cristo ao ano de 476 d.C. houvesse tanta transformação tecnológica humana se condensando nesse transcorrer de tempo com cada vez maior conhecimento somado à experiência humana e até a queda do império romano do ocidente, datando-se o início da Idade Média na Europa em que o pensamento ocidental é gestado para nascer no período Moderno, Espanha no século XV em que terá, sobre o resto do mundo, um efeito pasteurizador, um efeito combinado que, no momento contemporâneo, é uma forma múltipla de tempos e de eventos históricos simultâneos, embora enredados numa mesma dimensão de se passarem numa realidade de sujeitos históricos que estão sob os efeitos de suas ações. Os pilares do conhecimento multiplicado pela cultura após a revolução agrícola expandem os poderes humanos sobre o próprio destino, até alcançarem o sentido de divino, na co-responsabilidade de ser parte ativa na sua própria criação cosmogônica.

É a percepção de existir consciente como um ser multidimensional, por exemplo, que determina muito do cotidiano egípcio nos seus primeiros dois mil anos de Estado e de posterior império no continente africano. A civilidade que poderia ser compreendida como uma qualidade técnica de lidar com o ambiente, incluindo seu meio social e psíquico-espiritual, detinha um fator importante na figura de dignidade em que o egípcio, não-escravo, detinha frente à estrutura política administrativa do Estado que, por sua vez, seria definido democrático somente na Grécia do século VI a.C. Nesse patamar, a civilização micênica já teria se espalhado pelo mar Egeu e a todo litoral estrangeiro que notadamente teria algum representante como embaixador diplomático numa embaixada em terras estrangeiras. E aí sim, em seus palácios, cidadães de uma democracia ateniense ganham um sentido de igualdade instituído à gestão do Estado que só teria o tom fraterno no século XVIII depois de Cristo, mas a universalidade de seu evento havia se feito.

Adquira já o seu exemplar! Clique!

links externos

https://pt.wikipedia.org/wiki/Yumuktepe
https://pt.wikipedia.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_Minoica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_cicl%C3%A1dica

https://ancient-greece.org/map.html

http://www.openculture.com/2017/04/ancient-world-maps-that-changed-the-world-see-maps-from-ancient-greece-babylon-rome-and-the-islamic-world.html

Do Blog

Egídio Mariano

Sou pesquisador independente com formação bacharel em Letras, atuando como escritor, editor e produtor de conteúdos web, especializado em Planejamento e Gestão Estratégica, com Docência ao Ensino Superior e Educação à distância (EAD). Sou autor de "Estados de civilidade: uma história sobre tecnologias" (artigos); "Cartilha de Jack & Janis - Uma sátira da vida conjugal moderna" (novela) entre outras publicações.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

© Todo Direito Autoral Reservado 2017 - 2024 | Egídio Mariano