Práticas culturais

Foi uma produção de fios obtida a partir da fiação de fibras da lã, da seda e do algodão, e também feita a partir do uso de instrumentos rudimentares, que se entende melhor um evento demonstrativo de um resultado alcançado por um domínio técnico do ambiente, domínio por meio da produção de vestimentas tecidas à trama de fios como uma forma de um conhecimento organizado há, pelo menos, cinco mil anos de história, com algumas das atualizações mais importantes quanto às linguagens culturais recorrentes e compreensíveis pelos processos de fabricação a se chegar a um complexo método de ser uma tradição econômica, tal qual ao árabe dos povos abrigados no Oriente Médio, de onde tais povos se espalharam, levando seus modos de vida que se tornaram meios de subsistência de outros povos: ao sul da Ásia, da Índia até as tribos nômades do Paquistão, e mais ao norte, à China, onde o comércio de tecidos já era algo lendário para além dos seus territórios, e até às terras do Nilo, no lado ocidental de um mundo que se tornaria berço das civilizações fundadoras da realidade como a conhecemos hoje, em 2020.

Prática dedicada a tecer superfícies sensíveis ao tato – protegendo-se do clima e do tempo

Em um tempo em que se poderia interpretar como o de outros mundos acerca da humanidade, existiram, uma vez dividida em tribos nômades, seres humanos que, na sua pré-história, circularam em toda região média e sul da Eurásia, todo um continente em que aldeias se originavam de acampamentos transitórios, no preâmbulo de algum tipo de domínio sobre os ambientes em que as tribos se encontravam, fossem ambientes que se constituíam em tecidos transformados em tendas e em tapetes estendidos sobre as areias de um deserto próximo a um oásis, ou próximo a qualquer outro lugar em que fosse possível encontrar abrigo e mantimento, restando os vestígios de suas culturas por meio das descobertas de sítios arqueológicos, alguns dos quais, hoje, se encontram no Paquistão, na Índia e na China.

A tecelagem manual foi possível por ser uma atividade de que se obtinha a fabricação de roupas e de tapetes ou de outras superfícies de tecidos como um conhecimento técnico da relação com o manuseio de equipamentos simples.

Egídio Mariano

Pois foi diante de um conhecimento que se iniciou com a fabricação de tecidos e de tapetes pela fiação de um cultivo domesticado de algodão, de produção da seda ou de lã retirada de rebanhos de ovelhas, sendo esse último o mais provável candidato à matéria prima ao tecido grosso que teria dado origem às pesadas roupas necessárias ao rigoroso inverno do final da última era do gelo, há treze mil ano atrás.

Pois em um desses assentamentos neolíticos, na Anatólia por volta de 7000 a.C. onde hoje se situa a Turquia, foram encontrados os vestígios mais antigos de tecidos em trama a durar como uma amostra material da história cultural enraizada na arte de tecelagem de tapetes que se expandiu naquela região, berço de civilizações antigas como as dos hititas, dos assírios, dos persas, dos armênios, dos gregos antigos ao Império Bizantino, e onde, também, se pode dizer que se encontra uma das referências de artesãos de atividades fabris da confecção de tecidos e de tapetes como uma atividade comercial influenciada diretamente pelas rotas comerciais das caravanas árabes, nas quais a matéria prima para os fios da urdidura veio a ser difundido como algodão.

“Algodão” deriva de al-qutum, termo da língua árabe, cultura na qual foi difundido o cultivo da planta até à Europa.

E o seu cultivo, durante o período neolítico, se desenvolveu ao redor do mundo conhecido do Extremo Oriente, com os chineses, ao Subcontinente indiano, até no Médio Oriente e Nilo com os egípcios, embora se saiba que a domesticação do algodoeiro ocorreu há mais de 4.000 anos no sul da Arábia, com os registros de suas primeiras referências históricas, como cultura algodoeira, presentes no Código de Manu, do século VII a.C., livro considerado de legislação mais antiga da Índia.

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Tempo em linhas

A tecelagem manual é uma atividade de fabricação de roupas, de tecidos e de tapetes com o auxílio de equipamentos simples, tendo início no período neolítico e se desenvolvendo ao redor do mundo pré-histórico do Extremo Oriente, com os chineses, ao Subcontinente indiano, e ao Médio Oriente com os egípcios.

Sobre a trama dos tecidos, na composição das cores dos fios, ou no tear do que viriam a ser tapetes tramados em algodão e lã, uma atualização das linguagens era uma constante e necessária forma de se comunicar com os diferentes povos, cujas eficiências quanto ao processo fabril estavam em disputa pela requisição da qualidade com que se obtinham os resultados, sempre comparativos entre uma expressão cultural e outra.

É algo que pode ser observado na civilização Harapa como um dos primeiros centros urbanos com características de permanência e de organização que deixou vestígios de uma cultura urbana desenvolvida por um comércio “inter-povos”, representando atividades culturais com uma gama variada de origens, demonstrada pela arquitetura de casas amplas e confortáveis construídas em ruas largas, com uma construção maior a reservatórios e a banhos, de que se utilizavam os habitantes e povos nômades como recurso a servir de acesso à água. As roupas dos habitantes eram sofisticadas, como mostram os vários selos, usados no comércio marítimo com outros países, e eles tinham conhecimentos sobre os astros celestes no aspecto astronômico com que dividiam os ciclos de seus tempos em 27 “nakshatras” (média de dias em que a lua percorrer seu ciclo), chamados de “manazil” pelos árabes, e conhecido por zodíaco ao tempo das civilizações da Mesopotâmia, de onde os magoi, os Sacerdotes do Oriente, multiplicaram o entendimento das relações dos sinais à crença de um futuro conhecido pelos astros. E não apenas a astronomia tenha desembarcado nas margens do rio Eufrates, mas também a matemática com que os harapas contavam, numa base decimal, os seus padrões como, por exemplo, os de tijolos de uma mesma medida, baseados nos Sulba Sutras, instruções arquitetônicas detalhadas para a construção de altares, embora sua escrita gráfica ainda não tenha sido decifrada de maneira clara a partir de seus selos que, mostram, entre outros fatos, algumas posturas de ioga cujas práticas de desenvolvimento vieram a se espalhar na Índia.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tapetes_turcos

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecelagem_manual

Egídio Mariano

Sou pesquisador independente com formação bacharel em Letras, atuando como escritor, editor e produtor de conteúdos web, especializado em Planejamento e Gestão Estratégica, com Docência ao Ensino Superior e Educação à distância (EAD). Sou autor de "Estados de civilidade: uma história sobre tecnologias" (artigos); "Cartilha de Jack & Janis - Uma sátira da vida conjugal moderna" (novela) entre outras publicações.

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