Teoria de Conhecimentos
Estados de paradoxos
Não é interessante que tudo mude o tempo todo, embora as pessoas se deem as mesmas enquanto as circunstâncias de vida se repetem e enquanto tudo se mantenha construído, apesar de toda transformação?
Quero muito estudar a tecnologia como recurso de método para esclarecer um percurso de existência antropológica que se estende por um imenso espaço de tempo na linha da consciência humana, por algumas centenas de milhares de anos que compõem um quadro evolutivo à espécie Homo sapiens moderna. Sou, para alcançar algum resultado com um ponto de partida em que me coloco, uma pessoa que tem prazer na prática da escrita, sente-se bem em escrever e compartilhar conteúdo que seja interessante, para ampliar um contato com pessoas que possuem os mesmos interesses ou, pelo menos, interesses semelhantes. Gosto do resultado que a experiência da escrita e da leitura nos possibilita pelo hipertexto que temos acesso pela internet, através de página como essa em que você me lê agora.
Sem que você perceba, temos um dos conceitos basilares à tecnologia da informação sendo ativada na nossa relação escrita/leitura: a sincronicidade entre leitura/leitor ante a sincronicidade entre escritor/escrita. A consciência que temos a respeito de um mesmo ponto, embora em tempos e em lugares distintos, nos levam a um mesmo espaço leitor/escrita.
E esse é apenas um aspecto da ciência que envolve a análise da criação textual, se não, poderíamos nos estender aos demais campos semiológicos que estão disponíveis na página, como links, menus e imagens.
E, contudo, o ponto acima é crucial para se entender a questão de “Estados de paradoxos”, porque “doxa”, termo em grego de onde se origina o sentido de “paradoxo”, designa um conjunto de conhecimentos elaborados como princípios básicos e gerais admitidos que orientam um pensamento humano, uma crença comum ou uma opinião popular como conjunto de juízos que uma sociedade elabora em um determinado momento histórico supondo tratar-se de uma verdade óbvia ou evidência natural, estado limitado superável pelo conhecimento filosófico mais abrangente.
Acima, tanto no aspecto de transcorrer de tempo, ou seja, da transformação das condições de vida, quanto no aspecto do que interpretamos, estamos falando de estados completamente em volto de estados paradoxais! Já que “paradoxo” significa “estado” ao “lado” de uma declaração aparentemente verdadeira (doxa), mas que pode ser uma declaração ao mesmo tempo contraditória, como a relação mudança/permanência citada acima e que leva a uma contradição lógica, ou que contradiz uma intuição comum.
Como ponto de partida, sou uma pessoa que tem na atividade de pesquisa uma forma de realização autodidata muito presente pela ideia de um desenvolvimento humano que nos acompanha. Vejo que pelo estado de curiosidade, tanto evolutiva como cognitivamente, foi possível um desenvolver humano e o ampliar de suas habilidades através dos conhecimentos acessados por meio de fontes de aprendizados.
E esses são alguns dos estados de paradoxo a que me referi lá no princípio, porque não são estados acessados pelo leitor senão pelo “lado” do que lhe é “doxa”, ou seja, por conhecido, por crença a respeito.
Estamos, portanto, no que é chamado de “Noosfera”:
“Noosfera: Do grego Nous, espírito. Têrmo criado por Teilhard de Chardin e retomado por Ed. Leroy. Designa ‘o invólucro pensante’ humano que recobre tôda a terra. É o envoltório energético formado por tôda a atividade espiritual dos homens: vasta rêde psíquica cuja aparição remonta aos primeiros sêres humanos, na aurora do pensamento refletido, e cuja densidade só faz crescer em função do número dos homens e da qualidade do seu pensamento.*
Estamos nesse espaço atemporal em que se sucede todo aspecto temporal do ser humano como forma/pensamento de ser meio/mensagem a um novo espaço, e que é o espaço de diálogo da leitura, porque precisa haver o diálogo, “ponto a ponto” (um dos princípios basilares ao conceito de redes), para que se chegue a algum entendimento entre as várias partes do discursos durante uma interpretação.
Mas o termo “Noosfera” se origina em “noogênese” que, por sua vez, pode se referir a um nível interdisciplinar de estudos no que diz respeito a uma série de ciências naturais, de estudos técnicos a humanitários. O termo surgiu em 1955 no livro “O Fenômeno Humano” do antropólogo e filósofo Pierre Teilhard de Chardin.
Em 2005**, Alexei Eryomin propôs um novo conceito:
Noogênesis é o processo desenvolvimento de sistemas intelectuais e de implantação dos mesmos no espaço ao longo do tempo.
Então, como uma combinação de transformações regulares, inter-relacionadas [estados], temos a caracterização de uma certa seqüência temporal de estruturas evidentes em funções atribuídas por hierarquias de valores com sentidos construtivos de modo que os processos derivados desse desenvolvimento básico de interpretação comparativa se relaciona de uma forma integrada e coerente por uma sequência de tempo definido, de que é feita a leitura [forma-pensamento].
Como a “biosfera” compreende todo o espaço emanado pela luz da criação na forma de vida biológica (bios/vida sphere/esfera), a “noosfera” trata do mundo das ideias, dos produtos culturais dados pelo espírito, pelas linguagens, pelas teorias e pelos conhecimentos, e, segundo essa doxa, alimentamos a Noosfera quando pensamos e nos comunicamos.
Se pensarmos como sistema, nos veremos facilmente como fonte de atividades mentais que se supõem necessárias ao desenvolvimento de formas-pensamento. Essas formas-pensamento estão, mais uma vez, presas aos estados de paradoxos que se pode perceber com as possibilidades de interpretação do leitor frente à escrita desenvolvida.
E se pode dizer que a forma com que abordamos a ideia de criação compreende a figura geométrica do círculo, forma estruturada em esfera de que parte uma concepção biológica de um óvulo, uma vez fecundado, transformando-se em tecidos no fenômeno da construção da mórula, estágio de desenvolvimento embrionário do feto.
A concepção advém de um estado essencial presente em um código munido de um meio tal qual linguagem para o ser humano durante um diálogo. O mais curioso é que para uma atividade de criação, a esfera representa um conhecimento concentrado, mas, sobretudo, suspenso no desconhecido do meio em que se encontra.
Isso me lembra o conceito de “domo” ao qual me dediquei na postagem Sociedades Culturais.
A “Noosfera” nos coloca diante de nossas atividades metais e essas atividades compreendem uma grande mente que se interpreta na leitura de todo o conjunto. É nesse espaço ao pensamento que as formas de uma cosmogonia mental é prática arquetípica das civilizações sob a bandeira do preceito do “mentalismo” de que se servem determinadas tradições esotéricas e gnósticas. Nesse sentido, a criação obedece a uma dupla instância de atividade, tal como acima e abaixo nas estruturas hierárquicas entre ascensão e queda, dentro e fora se validam como pontos de uma conexão que está em diálogo até mesmo pela internet.
Tecnosfera: espaço temporário e em andamento, seria o espaço da noosfera onde se desenvolve uma terceira etapa no desenvolvimento da Terra, depois da geosfera (matéria inanimada) e da biosfera (vida biológica).
Blogosfera, ver em https://pt.wikipedia.org/wiki/Blogosfera
Para ir além:
*https://pt.wikipedia.org/wiki/Noosfera, citado em. De
- Cuypers, Hubert (1968). Vocabulário Teilhard (cadernos Teilhard 6). Rio de Janeiro, Brasil: Vozes. 76 páginas
** Em inglês, para baixar. clique AQUI Noogenesis_and_Theory_of_Intellect – ano 2005; 356 p. de Eremin_A_L_/Noogenez e teoria /intellekta de Krasnodar_SovKub